
“E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18)
A festa da Cátedra de São Pedro é uma tradição muito antiga. Não se sabe exatamente quando ela começou a ser celebrada, mas há registros do ano 354 d.C. que recordam essa festa no dia 22 de Fevereiro. A celebração da solenidade, sob o símbolo da cátedra, ressalta a missão de mestre e pastor conferida por Cristo a Pedro, por ele constituído, em sua pessoa e na dos seus sucessores, princípio e fundamento visível da unidade da Igreja.
A “cátedra”, literalmente, é a cadeira fixa do bispo, colocada na igreja mãe (catedral) de diocese. Ela é o símbolo da autoridade do bispo e, em particular, do seu “magistério”. Quando o bispo toma posse de uma diocese que lhe é confiada, ele se senta na cátedra, ou seja: a partir daquela sede, conduzirá, como mestre e pastor, o caminho dos fiéis, na fé, na esperança e na caridade.
Pedro foi escolhido por Cristo como “pedra” sobre a qual se edificaria a Igreja (Mt 16,18). O apóstolo iniciou o seu ministério em Jerusalém, depois da Ascensão do Senhor, mais precisamente no dia de Pentecostes. Assim, a primeira “sede” da Igreja foi o Cenáculo. Sucessivamente, a sede de Pedro foi a Antioquia, na Síria, cidade hoje denominada Antakia, na Turquia. Daquela cidade, onde pela primeira vez os seguidores de Cristo foram chamados cristãos (Atos dos Apóstolos 11,26), Pedro foi o primeiro bispo. Posteriormente, o apóstolo foi para Roma, capital do Império, onde concluiu com o martírio as sua missão a serviço do Evangelho.
Roma é reconhecida como a sede do sucessor de Pedro, e a “cátedra” do seu bispo representa aquela do Apóstolo encarregado por Cristo de apascentar todo o rebanho. Os mais antigos Padres da Igreja, como Santo Irineu, bispo de Lyon, descreveram a Igreja de Roma como “a maior e mais antiga, conhecida por todos; [...] fundada e constituída em Roma pelos dois grandiosos apóstolos Pedro e Paulo [...]. Com esta Igreja, pela sua superioridade, deve concordar a Igreja universal, isto é, os fiéis onde quer que estejam” (Contra as heresias III, 3,2-3).
Tertuliano, um pouco mais tarde, afirma: “Esta Igreja de Roma, quanto é santa! Foram os Apóstolos mesmos a derramar nela, com seu sangue, toda a doutrina” (A prescrição dos heréticos, 36). A cátedra do bispo de Roma representa, portanto, não só o seu serviço à comunidade romana, mas a missão de guia do inteiro Povo de Deus.

A festa da Cátedra de Pedro está ligada também à veneração de uma cadeira usada pelo apóstolo. Hoje, restam apenas algumas relíquias de madeira da cátedra original, incrustadas em uma nova cadeira, que é conservada e honrada, num lugar onde o artista Bernini levantou um monumento grandioso, em honra do primeiro Papa, na Basílica de São Pedro. Esse monumento foi colocado na abside da Basílica em 17 de janeiro de 1666.
Alguns historiadores afirmam que essa “cadeira” foi utilizada pelo próprio São Pedro, outros, porém, afirmam que na realidade ela foi um presente do Imperador Calos II de França ao Papa Adriano II, no ano 875. Há os que atestam ainda que existe uma inscrição muito mais antiga, datada de 370, atribuída ao Papa São Dâmaso, falando de uma cadeira portátil dentro do Vaticano, e que houve festas em sua honra anteriores a essa data.
Para entrar dirimir essa questão, em 1968, alguns estudiosos fizeram um pedido ao Papa Paulo VI para examinar esse precioso objeto. Com a permissão do Papa, procederam com um exame estrutural das partes lígneas, distinguindo as partes mais antigas das novas. Fizeram dois tipos de análises, buscando uma possível datação. A primeira análise foi de caráter dendrocronológico, determinação da idade que se baseia na contagem dos círculos dos troncos das árvores. A outra análise foi realizada com o método do carbono 14.
No primeiro exame, conseguiram fixar uma data entre os anos 870 e 880 d.C.; já o segundo, resultou em uma datação mais antiga do que a do trono carolíngio. De qualquer modo, o intervalo de tempo indicado pelas diversas datações resultou muito amplo para determinar uma correta indicação cronológica.
Ainda assim, a Antiguidade Tardia e a Alta Idade Média nos deixaram, na cadeira lígnea de São Pedro, um objeto de grande valor artístico e histórico, que também assumiu, com o tempo, um valor de relíquia, transformando-se em objeto de veneração, e que permanece um símbolo de destaque do magistério papal. Dessa maneira, celebrar a “Cátedra” de Pedro constitui, portanto, atribuir a ela um forte significado espiritual e reconhecê-la como um sinal privilegiado do Amor de Deus, pastor bom e eterno, que deseja reunir a Igreja e guiá-la na via da salvação.
Fontes: Bento XVI, La Cattedra DDI Pietro, dono di Cristo Alla sua Chiesa. Audiência geral – 22 de fevereiro de 2006; Dario Rezza, La cattedra lígnea di San Pietro.
Silvia Cristina
QUE DEUS TE ABENÇOE!

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate; sede nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a satanás e a todos os espíritos malignos, que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.